A escolha de Bob Odenkirk (Better Call Saul) para interpretar um cara durão pode até parecer estranha, mas ele provou ser um herói da ação em Anônimo, filme lançado durante a pandemia, mas que mesmo assim conseguiu sucesso. Seu personagem, Hutch Mansell, é um aparente Zé ninguém suburbano com esposa e filhos que vive esquecendo de colocar o lixo para fora a tempo e vive uma vida totalmente presa à rotina. Quando o vemos pela primeira vez acreditamos que ele seja algum tipo de derrotado, de perdedor. Então, do nada, apresenta alguns movimentos de luta impressionantes e descobrimos que ele é basicamente um exército de um homem só.
Agora, quatro anos depois, em Anônimo 2, Hutch assumiu de vez seu trabalho como assassino. Principalmente porque ele está trabalhando o tempo todo para pagar o que deve para a empresa para a qual presta serviços, afinal eles assumiram a dívida de US$ 30 milhões que ele deixou depois de cometer o enorme erro de queimar o dinheiro da máfia russa no último filme. Ele está cansado, ainda mais depois que um trabalho dá terrivelmente errado na abertura exagerada e divertida do filme, no qual ele é forçado a enfrentar não um, mas três grupos de oponentes letais. Além de tudo, esse emprego está o afastando de sua esposa Becca (Connie Nielsen) e os filhos Brady (Gage Munroe) e Sammy (Paisley Cadorath) se sentem negligenciados.
Então ele insiste em dar um tempo e levá-los para as férias de verão em um resort cafona em um lugar chamado Plummerville, uma cidade turística de verão com um parque de diversões. Uma olhada no local na internet não empolga a família, nem de longe, mas Hutch guarda boas lembranças, pois foram as únicas férias em que seu pai, David (Christopher Lloyd), o levou com seu irmão Harry (RZA). Então, ele busca seu pai idoso no asilo e todos partem para as férias na cidade decadente na tentativa de criarem muitas memórias boas juntos. Só que um pouco de diversão inocente não é fácil para Hutch. Com sua feia camisa florida, ele tenta manter a cabeça baixa e ficar longe de problemas, mas, inevitavelmente, os problemas o encontram.
Tudo começa de forma bastante inocente, quando Brady e outro garoto que o acusa de dar em cima da namorada se envolvem em uma pequena briga de adolescentes. Na confusão que se segue, um segurança excessivamente agressivo comete o erro de dar um tapa na cabeça da filha de Hutch. Isso é demais para ele, que volta para o local e acaba com todos os caras que passam por seu caminho. Isso desperta a ira do xerife (Colin Hanks) e do corrupto dono do parque temático (John Ortiz), que decide se vingar do turista que está causando problemas. O caos fica ainda maior quando Hutch descobre que a cidade é o centro das operações da sádica chefona do crime Lendina (Sharon Stone) e resolve que precisa fazer algo. Obviamente, ele acaba envolvido em problemas com todas essas pessoas.
Esta sequência do diretor de ação indonésio Timo Tjahjanto (A Noite nos Persegue), coescrita pelo roteirista do original, Derek Kolstad (John Wick), talvez tenha um pouco menos do humor e da ousadia narrativa do primeiro filme. Grande parte da sacada do original veio da revelação gradual de que seu protagonista, um homem despretensioso e de meia-idade, era, na verdade, um cara durão que consegue derrotar gangues de homens mortalmente armados com metade de sua idade. Mas o que tem, inevitavelmente, são sequências intermináveis de lutas malucas nas quais Hutch é injustamente colocado contra meia dúzia de valentões gigantescos, mas ele sabe se virar… A premissa simples, porém engenhosa, proporciona bastante diversão.
A equipe de coordenação de dublês composta por Greg Rementon, Kyle McLean e o coreógrafo de lutas Kirk Jenkins merecem um enorme crédito, pois as lutas e as sequências repletas de ação são muito bem feitas, alucinantes e exageradas. Bob Odenkirk mais uma vez demonstra fisicalidade impressionante nas cenas de luta elaboradamente encenadas. O astro sabe exatamente o que o público espera de Hutch e entrega tudo e um pouco mais, pois além da porrada, Odenkirk encontra alguma humanidade em seu personagem. O herói de ação irônico e cansado do mundo interpretado pelo ator permanece uma presença convincente do começo ao fim. Ele é alguém que vale a pena o seu tempo.
Embora não seja tão forte quanto o primeiro filme, este é um exemplo de sequência que oferece a mesma fórmula, mas com diferenças o suficiente para tornar o filme uma experiência satisfatória que agrada ao público. Ainda é brutal e intenso e às vezes é ainda mais gráfico e sangrento do que o primeiro filme, mas também parte para um lado mais cartunesco. O foco adicional na família desta vez é uma mudança bem-vinda, assim como a mudança de cenário. Anônimo 2 conta com tantas sequências de ação incríveis e injeções de humor mordaz que tornam o filme extremamente divertido.
Anônimo 2 tem distribuição da Universal Pictures e já está em cartaz nos cinemas – também em versões acessíveis.
Muito bom
Embora Anônimo 2 não tenha as surpresas perversas do original, o super assassino interpretado por Bob Odenkirk segue sendo um herói de ação incrível. A sequência entrega uma comédia violenta e muito divertida.