Amores à Parte
Divulgação
Amores à Parte
Divulgação

Amores à Parte brinca com a ideia de relacionamentos modernos

No início de Amores à Parte, conhecemos Carey (Kyle Marvin) e sua esposa, Ashley (Adria Arjona). O casal, que está junto há 15 meses, está cantando alegremente enquanto dirigem por uma estrada. Eles estão indo visitar o melhor amigo de Carey, Paul (Michael Angelo Covino) e sua esposa Julie (Dakota Johnson). No caminho, Ashley resolve fazer algumas brincadeiras sexuais, mas isso não dá nada certo. Tudo vira uma tragédia quando suas travessuras fazem com que outro carro saia da estrada, a esposa do motorista seja arremessada para fora do banco do passageiro e morra ali mesmo no local.

Ashley, em estado de choque, começa a rever as escolhas de sua vida e usa o momento para dizer a Carey que quer terminar seu breve casamento porque estava traindo ele. O divórcio deve ser algo fácil, afinal só é complicado se você tem filhos ou dinheiro, e eles não têm nenhum dos dois. Carey surta e foge pelo campo, acabando por aparecer no quintal de seus amigos e explicar para os dois sobre o rompimento repentino.

Não demora muito para que eles o consolem dizendo que o segredo da união deles é ter um casamento aberto. A dupla argumenta que remover o estigma, a culpa e a vergonha em torno dos casos extraconjugais leva a uma união mais forte e saudável entre eles. A confusão começa de verdade quando Julie começa a beijar Carey, levando-os a dormirem juntos secretamente. Acreditando que Paul levaria numa boa, ele admite que fez sexo com Julie, mas Paul surta e todos os relacionamentos começam a desandar.

Começa uma briga avassaladora entre os dois, que destroem parte da casa e seus móveis. Daí em diante, ninguém mais se comporta como seres humanos racionais nesse filme e há uma certa fuga da realidade. Paul e Julie logo também pedem o divórcio, motivado pelos negócios financeiros desonestos do marido e sua eventual prisão. Enquanto isso, Carey faz de tudo para permanecer na vida de Ashley, sem deixar de se apaixonar por Julie. Há um certo humor irônico nesse amontoado de más decisões, incluindo uma piada recorrente na qual Carey faz amizade com o grupo de ex-namorados de Ashley que passa a morar junto com eles, incluindo o engraçado e desajeitado garoto interpretado por Charlie Gillespie, que merece destaque.

O restante de Amores à Parte acompanha o que acontece com os casais à medida que se afastam de seus parceiros, deixando de lado a monogamia e se aventurando pelo desconhecido. As situações que enfrentam dão origem a muitos momentos cômicos. Michael Angelo Covino e Kyle Marvin, amigos e colaboradores de longa data, coescreveram o roteiro de Amores à Parte, que demonstra um interesse em expor a competitividade inerente à amizade masculina e procura satirizar a confusão do romance moderno, mostrando o quão mal preparadas essas quatro pessoas estão para relacionamentos não tradicionais. Não importa o tipo de rótulo que você coloque em sua vida amorosa, manter o amor é um trabalho árduo.

Marvin interpreta Carey como um perdedor charmoso, com uma atuação tão cativante que você não tem dificuldade em acreditar que duas mulheres maravilhosas estariam a fim dele, mesmo quando ele é patético e meio irritante. Grande parte do filme é da perspectiva de Carey, que está lutando para encontrar algum tipo de equilíbrio em sua vida. Covino, por outro lado, interpreta Paul com uma pitada de energia de cara rico repugnante, que parece o oposto da natureza suave de Carey.

O longa permite que Dakota Johnson e Adria Arjona exibam seus lados cômicos em cenas que enfatizam o quanto suas personagens controlam suas vidas mais do que todos os homens ao seu redor. Isso não significa que Ashley e Julie também não se machuquem, mas elas não agem como garotinhos indefesos quando isso acontece. Como Julie, Johnson canaliza sua frustração através de falas irônicas e sarcásticas. Enquanto Arjona tem cenas mais cômicas como Ashley, que experimenta novas personalidades cada vez mais excêntricas à medida que namora novas pessoas.

Dividido em vários capítulos, nomeados a partir de um contrato de divórcio, Amores à Parte começa com muita comédia absurda e, na segunda metade, se aprofunda para explorar os efeitos colaterais dos rompimentos. O humor se divide entre o pastelão e o verbalmente astuto. Essa é uma comédia que provavelmente não avançará muito a discussão sobre relacionamentos abertos e que em que alguns momentos podem ser confusa, mas tem uma história absolutamente cativante de quatro pessoas tentando negociar seus próprios desejos das maneiras mais tolas possíveis, com um caos inesperado a cada passo. No final das contas, resulta em um filme muito divertido e gostoso de assistir.

Amores à Parte conta com distribuição da Diamond Films, a maior distribuidora independente da América Latina e chega aos cinemas em 21 de agosto deste ano.

3.5

Bom

Amores à Parte é uma comédia romântica peculiar e engraçada, que funciona como um lembrete de que não existe uma única maneira de vivenciar o amor e de que muitas vezes só damos valor para o que perdemos. 

Conteúdo relacionado

Críticas

Mais lidas