A Teia | Crítica

A Teia, adaptação do best-seller O Livro dos Espelhos, de E.O. Chirovici, é um suspense que marca a estreia do roteirista Adam Cooper como diretor. No longa, Russell Crowe interpreta Roy Freeman, um ex-detetive do departamento de homicídios que tem Alzheimer. Ele está fazendo um tratamento experimental e revolucionário que promete recuperar a memória. Isso se torna fundamental quando ele é arrastado para um caso antigo.

Há dez anos, a morte violenta do professor universitário Dr. Joseph Wieder (Márton Csókás) fez com Isaac Samuels (Pacharo Mzembe) fosse mandado para o corredor da morte. Agora, com sua execução agendada, o detento pede ajuda ao ex-detetive para provar sua inocência. Para piorar a situação, Isaac admite que estava na cena do crime na noite em que Joseph Wieder foi espancado até a morte com um taco de beisebol. Mas ele é tão convincente sobre não ser o assassino, que Freeman começa a revirar antigos arquivos sobre o caso e convoca seu antigo parceiro (Tommy Flanagan) para reavivar as investigações. Porém, sua memória prega peças e todas as pessoas que eram envolvidas com o professor antes de sua morte são tão misteriosas quanto o caso.

Freeman precisa deixar anotações para tudo, por conta de sua doença. Ele não se lembra do caso, mas também não se lembra de seu próprio endereço ou mesmo do nome da mãe. Ele está em um nível de perda de memória que precisa de etiquetas que dizem que o guarda-roupas contém roupas e que a comida fica na geladeira. Seu apartamento lembra o filme Amnésia, com centenas de anotações e bilhetes que descrevem objetos ali presentes e as atividades que ele precisa fazer diariamente, mesmo que sejam as mais simples e cotidianas.

Sua médica indica quebra-cabeças para que ele estimule o cérebro e o tratamento funcione melhor. Revisitar o caso de assassinato parece ser o melhor tipo que quebra-cabeça possível, porque até o público esquece que ele não tem memória. Freeman passa a investigar o caso ativamente e procurar todas as pessoas que poderiam ajudar a encontrar uma resposta. Ao longo do caminho, ficamos sabendo que Roy Freeman perdeu seu emprego não por causa de sua condição, mas sim por causa de uma condenação por dirigir embriagado.

Uma das primeira pessoas que ele vai atrás é Richard Finn (Harry Greenwood), um ex-assistente do Dr. Joseph Wieder que deixou um livro de memórias. Esse livro revela que ele estava envolvido em um triângulo amoroso entre eles dois e uma das alunas do professor chamada Laura Baines (Karen Gillan). Além de Laura, Wieder tem outros casos com mulheres, incluindo com algumas de suas pacientes enquanto o faz-tudo Wayne Devereaux (Thomas M. Wright) observa. Conforme Freeman conversa com mais pessoas sobre o que ficou sabendo no livro de Finn, ele vai descobrindo que nada nesse caso é o que parece ser.

Ao longo dessa primeira metade do filme, muitos caminhos são traçados e isso faz com que o espectador se pergunte como todas essas pessoas estão conectadas, o que realmente está acontecendo e quem realmente o está ajudando. Não dá para negar que é um filme que consegue nos manter atentos. O mistério se intensifica à medida que o tratamento de Roy dá sinais de que está funcionando e certas memórias começam a voltar.

Mas depois o ritmo vai diminuindo e A Teia passa a ser filme que tenta ser mais complicado do que realmente essa trama precisaria ser. Além disso, não sabe o momento de parar de colocar novas reviravoltas. Vemos a história desenrolada de vários pontos de vista, com a versão de cada personagem preenchendo uma peça do quebra-cabeça. Mas, mesmo quando o quadro geral entra em foco, isso não torna o que acontece mais convincente. O grande plot twist revelado no final não atinge o valor de choque esperado, porque depois de certo tempo tudo começa a ficar óbvio demais.

Russell Crowe é sempre competente em seus trabalhos, mas esse papel não é particularmente memorável. Ele tenta o seu melhor para trazer alguma profundidade, mas sem sucesso. Os melhores momentos de sua atuação ocorrem no final do filme. Tommy Flanagan como um policial corrupto é bastante interessante, especialmente quando a reviravolta final faz sentido para o personagem e se alinha com a forma como ele age pelo resto do filme. O papel de Karen Gillan é confuso, pois Laura é usada como uma peça para confundir o espectador em relação ao assassinato e sua personalidade vai sendo trocada o tempo todo. No geral, as atuações A Teia são boas, mas esses atores são desperdiçados com personagens que precisavam que suas histórias fossem melhor desenvolvidas.

A Teia chega aos cinemas brasileiros em 2 de maio, com distribuição da Imagem Filmes e California Filmes.

2.5

Regular

A Teia é um filme que consegue prender o espectador com sues mistérios e bom elenco, porém as peças desse quebra cabeça são todas apresentadas de forma bastante óbvia, fazendo com que a resolução dessa trama elaborada não seja satisfatória.