Filmes de época nunca estiveram dentre os meus preferidos. Assim como em romances literários e telenovelas, filmes que se passam no presente e/ou futuro sempre me agradaram mais. Assim que A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata entrou entre as opções da Netflix, o ignorei. Não apenas pelo título gigantesco, mas também por se passar nos anos 40. Pensei se tratar de uma nova adaptação de um dos livros de Jane Austen, apenas com um um nome engraçado no título. É provável que Austen tenha servido de inspiração em algum momento do desenvolvimento da produção, mas não pense se tratar de uma cópia. No Brasil, o livro foi publicado pela Editora Rocco.
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata logo chama a atenção do telespectador por seu título inusitado. Ambientado em 1941, o longa se passa na Inglaterra, mais especificamente na Ilha de Guernsey. Conforme um grupo de amigos voltava de um jantar, foram abordados por nazistas. As circunstâncias perigosas os fazem criar uma sociedade literária, e a espontaneidade do momento lhe dá um nome. Surgia ali, em meio a uma isolada noite no campo, a A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata.
O Filme
Juliet Ashton é uma jovem escritora britânica, acostumada a viver em meio ao luxo e riqueza. Embora tenha perdido os pais em um bombardeio em Londres, se tornou uma mulher poderosa e independente. Romântica por natureza, Ashton encontra o conforto de seus dias em páginas e mais páginas de livros antigos. Enquanto planejava a turnê de divulgação de seu novo livro, a autora recebe uma curiosa carta. Dawsey Adams se identifica como um dos membros da Sociedade Literária, e a apresenta a Juliet pela carta. Curiosa, ela praticamente se convida para visitá-los alguns dias depois. Mesmo que tenha acabado de ser pedida em casamento, a autora embarca rumo à pequena ilha de Guernsey.
O mundo organizado e programado de Juliet logo vira ao contrário. Não demora para a jovem se ver envolvida com todos na pequena ilha, mas principalmente, com os membros do grupo. Entretanto, embora esbocem sorrisos, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata esconde um passado triste. Os nazistas tiraram muito mais do que seu sossego, e Juliet descobre isso gradativamente. Uma vez estabelecida a premissa da trama, a mesma flui naturalmente diante dos olhos.
Dawsey
É provável que você, assim como eu, logo imagine o rumo que a história deverá tomar. A química entre Juliet e Dawsey é evidente, mesmo que ela carregue um anel de diamantes no dedo anelar. Mas embora previsível, o romance não deturpa o objetivo inicial do filme, que é contar uma história. Ambos percebem o sentimento transbordar dentro de si, mas sabem as consequências de tal romance. Ele precisa criar a filha de uma amiga, enquanto Juliet está noiva de outro homem. Embora pareça deveras complicado de existir, o amor entre o casal encontra sua forma de florecer. E esse é um dos elementos mais bonitos do filme.
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata
No começo deste texto, expressei meu descontentamento com filmes de época. Felizmente, nunca é tarde para revermos (pré)conceitos antigos. A cada minuto que passava, me apaixonei mais e mais pela história de Mike Newell, assim como pelo elenco que a interpreta. A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é um filme leve e extremamente bonito. Delicado, o longa segue um ritmo tenro do início ao fim, contando com momentos onde a emoção chega ao limite.
Newell não deixou de retratar a importância dos assuntos citados na produção. O que aconteceu no passado da Sociedade está diretamente ligado aos crimes cometidos pelos nazistas, mas esse está longe de ser o assunto central. Não pense que este será mais um filme sobre a segunda guerra, pois não é. A trama lida com o amadurecimento de seus personagens, principalmente Juliet e Dawsey. Lily James e Michiel Huisman caíram como uma luva nos papéis dos protagonistas, e a química entre eles é evidente.
O Elenco
Além do casal protagonista, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata se constrói em cima de um elenco de grande qualidade. Tom Courtenay, Penelope Wilton, Katherine Parkinson e Jessica Brown Findlay são os outros membros do grupo, e encontram na trama o seu momento de destaque. Cada um é essencial para que o roteiro faça sentido. Quando associados a uma história coesa, um cenário deslumbrante e um roteiro recheado de informações, são um prato cheio para qualquer fã de cinema. Os longos minutos de duração irão passar voando diante de seus olhos. A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é certamente, uma das grandes adições ao cardápio da Netflix.
5
Excelente
A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é certamente, uma das grandes adições ao cardápio da Netflix. Com um ótimo elenco, uma história coesa, um cenário deslumbrante e um roteiro recheado de informações, é um prato cheio para qualquer fã de cinema.
