Crítica | Segunda temporada de Sense8 caracteriza a evolução e maturidade da série

Lembrada por todos como a série onde todos os personagens participam da mesma relação sexual, Sense8 estreou em 2015 e logo de cara conquistou os mais diversos públicos – desde adolescentes românticos a adultos céticos. Da mesma maneira rápida que chegou, a primeira temporada foi devorada pelo público, começando então a maldita espera de quase 2 anos por uma continuação. Para saciar nossa curiosidade voraz, os diretores resolveram lançar o especial de Natal, duas horas intensas e frenéticas com os “clássicos” elementos de Sense8: a perseguição do cluster por Whispers, Will se sacrificando pelo bem maior, muita luta e ação por parte de Wolfgang e Sun, e claro…uma cena de sexo grupal envolvendo não apenas os membros do grupo, mas também seus respectivo parceiros. O público? Amou, obviamente, e recebeu com a mesma paixão dos 11 episódios anteriores.

Enfim maio chegou e com ele os episódios restantes da segunda temporada. Caso você tenha amado o especial de Natal, é melhor sentar, pois definitivamente não estávamos preparados para isso. O alvo da história ainda é o “vilão” Whispers, mas se ele estava presente em alguns momentos no começo, agora não aguentamos mais os óculos redondos e a barba grisalha. A temática da perseguição e das conexões entre cada um ganham uma nova dimensão muito mais desenvolvida e complexa, entrelaçando não apenas nosso querido cluster, mas muitos outros espalhados pelo mundo. As irmãs Wachowski fizeram questão de manter os olhos do espectador grudados na tela durante os 60 minutos de cada episódio, e o mero desvio de atenção pode comprometer a sua compreensão de tudo que vem pela frente.

A história recomeça de onde o especial de Natal terminou, inserindo o começo de um conflito que irá durar até o minutos finais do décimo primeiro episódio – e não vai acabar aí. Além de um maior número de brigas, tramas e informações, o cluster está mais unido do que nunca e não no sentido sexual. Enquanto procuram encontrar uma forma de evitar a invasão mental de Whispers, cada personagem tem sua própria guerra interior para resolver, seja ela com a família ou com o trabalho. São nesses momentos “um por todos e todos por um” que vemos o quão forte é o laço estabelecido entre eles e o quão longe estão dispostos a ir para que o outro esteja seguro. Não há mais aquela confusão da primeira temporada onde os “poderes”estavam surgindo, os sensates agora se conhecem muito bem e sabem quando cada um pode precisar de um ombro, um punho ou um corpo amigo.

Não se engane, porém, pensando que Sense8 perdeu seu charme. A ação existe e está presente em boa parte da trama, mas ainda são emocionantes os momentos onde tudo parece dar certo. Os relacionamentos entre Nomi e Amanita, Lito e Hernando, Will e Riley, Wolfgang e Kala e até mesmo Capheus e sua parceira, atingem um novo patamar e o cluster parece ser formado por muito mais do que 8 pessoas. Todos estão unidos na busca contra Whispers e por uma vida normal como uma grande família – da qual queremos fazer parte também. A tão aguardada cena gravada no Brasil na Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, entretanto, decepcionou e durou pouco mais de 1 minuto. As milhares de fotos que circularam na internet após o acontecimento possuem muito mais química e sentido do que o que foi exposto e mal podemos perceber a presença de todos.

A complexidade alcançada no final da temporada é extremamente elevada e até mesmo confusa, gerando um certo medo de que tudo se perca mais adiante e os mistérios se desdobrem em algo morno e simples como aconteceu com Lost (não tome como crítica, eu gostei do final). Assim como na anterior, essa temporada termina com uma cena inacabada que será, ou não, resolvida no futuro e provavelmente teremos de esperar mais 2 anos para saber a conclusão. Chega um momento em que temos de parar a reprodução para tentar desfazer o nó criado na cabeça, mas como nada obteve resposta, muito menos nossas teorias.

A descoberta de novos sensates pelo mundo quadruplica o universo dos clusters, assim como as perguntas geradas a partir disso. Quem pode se conectar com quem? Como ocorre essa conexão? Outra novidade é a existência dos bloqueadores, pílulas pretas que possuem a mesma função da cocaína no sangue de Will: impedir que Whispers entre na mente de todos eles e obtenha suas conexões. Parece simples não? Kala consegue recria-los em poucos segundos no laboratório, mas nunca sabemos quando estão sendo usados ou não.  11 episódios se passaram e as teorias borbulham na cabeça, sem a menor previsão de um desfecho. Apesar de estarmos no meio de um labirinto e longe de encontrar a saída, não há como negar que o nível da série aumentou e muito, sem depender do clássico banal para fazer sucesso. Com uma trilha sonora fantástica acompanhando cada situação, do romance ao frenético de um luta ou uma festa, o público se encontra mais envolvido do que nunca com os episódios maravilhosos dessa temporada. Se você ainda achar que Sense8 é uma série sobre sexo depois de assistir aos 11 episódios, melhor retomar ao começo e assistir tudo de novo.

4

Ótimo

Com uma trilha sonora fantástica acompanhando cada situação, do romance ao frenético de um luta ou uma festa, o público se encontra mais envolvido do que nunca com os episódios maravilhosos dessa temporada. Se você ainda achar que Sense8 é uma série sobre sexo depois de assistir aos 11 episódios, melhor retomar ao começo e assistir tudo de novo.

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