Crítica | Marvel esquece o misticismo e as artes marciais em Punho de Ferro

Punho de Ferro marca a quarta e última série que faltava para fechar o quarteto Os Defensores, que chega no segundo semestre na Netflix. Depois de conhecer as histórias de Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage, chega a vez de Danny Rand mostrar ao que veio.

Todas as séries da Marvel na Netflix abraçam a sobriedade e realismo com suas peculiaridades, mostrando o lado mais sujo de Nova York. Desde então ficou o sinal de alerta para a chegada de Punho de Ferro. Será que ele é apenas mais um defensor? Produzida por Scott Buck, a adaptação não muda o origem do herói nas HQ’s. Mas, não soube utilizar o universo rico que o personagem tem. Faltou o misticismo e as artes marciais que tanto era esperado.

Punho de Ferro poderia representar uma icônica série de artes marciais revitalizando filmes do gênero dos anos 70/80. Porém, os 13 episódios tem altos e baixos, e nenhum momento consegue engrenar.

O roteiro é preguiçoso indo sempre para o mais óbvio. A série até apresenta com eficiência o universo de seus personagens focando no retorno de Danny Rand (Finn Jones), que foi declarado morto após o acidente de avião há 15 anos que acabou matando seus pais. Metade da série se resume em Danny provar sua identidade para Joy e Ward Meachum, seus amigos de infância vividos respectivamente por Jessica Stroup e Tom Pelphrey, que agora assumem os negócios da empresa. Sua ingenuidade é até compreensível. Mas, ficar quase metade da série falando apenas “Eu sou o Danny Rand”, é quase irritante vindo de alguém preparado fisicamente e psicologicamente para adversidades.

Mas já era algo de se esperar vindo de Scott Buck, aquele que comandou as temporadas finais de Dexter. E bem… todos viram o que aconteceu. Um dos problemas mais visíveis vindo do showrunner foi a ausência de um grande vilão, ao contrário de Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage, que apresentaram excelentes antagonistas. A série mostra que tudo está sob o controle do Tentáculo, mas faltou alguém para representar essa ameaça. Ora Madame Gao, Bakuto, Harold e Ward Meachum se mostram como a figura ameaçadora de Danny Rand, mas tudo muda de uma forma confusa. Notem que Gao está ameaçadora em Demolidor, porque estava sob uma direção segura e contundente. Aqui, ela é mais uma figura alegórica, não tendo a mesma autonomia em cena. Todo grande herói depende de um grande vilão, e a ausência grosseira prejudica a motivação de Danny em toda a série. O que fica visível é que nunca está claro qual caminho ele vai seguir. Se é salvar sua empresa, proteger seus amigos ou defender K’un-Lun.

Finn Jones até se esforça, mas não convence total como personagem. Como bilionário, ele faz o esperado. Um ricaço que recupera sua identidade e tenta corrigir os erros da empresa que leva seu nome. Já como Punho de Ferro (ou parte dele) ele jamais passa a imagem de alguém que foi treinado em outra dimensão e leva consigo o poder de um lendário guerreiro. Mesmo nas cenas em que seu punho brilha, não ficamos convencidos de que ele seja uma arma viva.

Nos quadrinhos, Punho de Ferro pode ser classificado como uma mistura de Bruce Lee, Jackie Chan e Jet Li. A série opta de forma errônea pelo lado realista com Danny Rand mais parecendo um sujeito com habilidades semelhantes a Matt Murdock. Por falar em Bruce Lee, o mestre das artes marciais foi a grande inspiração para a criação do defensor e não há nenhuma referência dele na série.

Em relação ao elenco, a bela Colleen Wing, interpretada pela ótima Jessica Henwick, é o destaque. A personagem possui uma força interior e carisma que conquistam com rapidez. Sempre quando ela sai de cena fica a expectativa pelo seu retorno.

Sobre a ação da série… bem, não empolga. As cenas não possuem intensidade. Parece que repetiram tudo de Demolidor, até a cena clássica do corredor está lá. Quem espera boas performances de Kung Fu, vai se decepcionar. Demolidor empregou sequências de luta que estão na memória até hoje pela criatividade. Aqui, foi tudo no piloto automático e não sobra nenhum momento emblemático.

Os episódios finais de Punho de Ferro até deixam um frescor para o aguardado Os Defensores. Os easter eggs e conhecidos personagens desse universo estão ali. Mas, a Marvel e Netflix perderam uma grande oportunidade com um personagem (a priori) mais fácil para se adaptar. Quem sabe a união com Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage possam trazer dias melhores e tirar o sabor ruim que ficou.

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Regular

Os episódios finais de Punho de Ferro até deixam um frescor para o aguardado Os Defensores. Os easter eggs e conhecidos personagens desse universo estão ali. Mas, a Marvel e Netflix perderam uma grande oportunidade com um personagem (a priori) mais fácil para se adaptar. Quem sabe a união com Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage possam trazer dias melhores e tirar o sabor ruim que ficou.

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