Crítica | Feud – 1ª Temporada: Uma aula de como se fazer série em mais um trabalho impecável de Ryan Murphy

Ryan Murphy é definitivamente uma das mentes mais criativas no mercado televisivo. O diretor, produtor e roteirista consegue se comunicar com público de todas as idades com produções versáteis, desde o musical Glee a série mais adultas como American Horror Story. Mas foi com a antologia American Crime Story  que ele caiu no gosto da crítica especializada e, agora com Feud, Murphy dá uma aula de como se fazer uma série de TV.

Feud, uma expressão que significa rixa será mais uma antologia com cada temporada abordando fatos sobre celebridades. A primeira temporada intitulada Bette and Joan acompanha a rivalidade profissional das atrizes de Hollywood Bette Davis (Susan Sarandon) e Joan Crawford (Jessica Lange) quando dividiram a telona no clássico What Ever Happened To Baby Jane. Ter grandes nomes em uma produção é ótimo para os executivos que pensam na recepção $$$ que o filme irá obter. Porém, quando se escala duas atrizes excêntricas e com os egos inflados, o tiro pode sair pela culatra.

As farpas trocadas entre as duas se tornaram um prato cheio para a mídia, que passou a se aproveitar da situação criando muitos conteúdos superficiais e fofocas em torno da relação das atrizes nos bastidores. Contudo, não era uma apenas questão de vaidade. Sim, as Bette e Joan buscavam superar uma a outra, mas ela não se odiavam. Pelo contrário, embora não admitissem em público, havia um respeito mútuo entre elas. Um exemplo fajuto, mas elucidativo, é que a relação de ambas seria como uma partida de futebol entre Barcelona x Real Madrid ou Fla x Flu. Quando estavam em campo era uma guerra pela vitória, mas quando a partida acabava cada um seguia o seu caminho e bola pra frente. Mas assim como no futebol, a imprensa gosta de se aproveitar da rivalidade e, por muitas vezes, acabava aumentando e piorando em busca de audiência.

Durante os oito episódios, entendemos que as intrigas entre Joan e Bette eram causadas por algo muito simples. Uma completava a outra. Joan era obcecada com sua aparência e Bette era obcecada com seu talento. As duas em cena se completavam, mas uma queria o que a outra tinha de melhor. Com isso, Ryan Murphy estabelece uma profunda análise do quando o mercado fonográfico pode inspirar e colocar um astro de cinema no topo, mas em um piscar de olhos pode destruir. Joan e Bette foram duas vítimas do próprio talento que possuíram.

A escolha das atrizes Jessica Lange e Susan Sarandon foram pontuais. Vai ser difícil alguma atuação na TV superar as duas e olha que estamos apenas no primeiro semestre. Susan interpreta uma Bette altiva e sisuda, enquanto Jessica comove em construir uma Joan cheia de fragilidades com uma atuação no episódio final deveras emocionante.

Feud foi mais que uma série sobre rivalidade. Uma produção sobre duas estrelas do cinema que buscavam a perfeição, se superar em cada atuação para deixar sua marca em Hollywood. Porém, os anos 50 e 60 enalteciam suas jovens atrizes taxando-as de divas até o momento de descarta-las por serem velhas demais para o mito da eternidade e beleza da cultura pop.

5

Excelente

Feud foi mais que uma série sobre rivalidade. Uma produção sobre duas estrelas do cinema que buscavam a perfeição, se superar em cada atuação para deixar sua marca em Hollywood. Porém, os anos 50 e 60 enalteciam suas jovens atrizes taxando-as de divas até o momento de descarta-las por serem velhas demais para o mito da eternidade e beleza da cultura pop.

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