Crítica | Jessica Jones abrange o lado mais sombrio do universo Marvel

Depois de deixar o público familiarizado com Homem de Ferro, Thor, Capitão América e cia no cinema, a Marvel em parceria com a Netflix iniciou em abril com Demolidor um outro universo de seus super-heróis. Este universo abrange o lado mais sombrio e mais crível dos perigosos bairros de Nova York.

Enquanto acompanhamos o advogado Matt Murdock se vendo obrigado a tomar difíceis decisões para combater a incessante violência e criminalidade em Hell’s Kitchen, Marvel’s Jessica Jones apresenta uma personagem que abandonou o posto de heroína e, agora é uma investigadora particular. Criada em 2001 por Brian Michael Bendis em parceria com o artista Michael Gaydos na HQ Alias, Jones (Krysten Ritter) não faz o tipão de super-heroína sorridente. Muito pelo contrário, ela é encara seus poderes decorrentes de um acidente de carro que matou sua família como um fardo. Além disso, ela carrega um peso traumático quando se envolveu com Kilgrave (David Tennant), um sujeito com o dom de controlar a mente das pessoas e, que abusou fisicamente e mentalmente de Jessica Jones. Com o retorno do vilão, Jones precisa encontrar um meio de impedi-lo e proteger as pessoas próximas a ela. Em meio desse problema, ela acaba conhecendo o grandalhão Luke Cage (Mike Colter), dotado de habilidades especiais e, que conquista rapidamente a moça.

Em seus 13 episódios, a série desenvolvida por Melissa Rosenberg (da série Dexter) apresenta um roteiro direto e que situa de maneira eficiente todo o universo Marvel. Diferente das produções cinematográficas que, na maioria das vezes, abusa de fazer tanta referência, o que estraga o próprio desenvolvimento do filme (caso do recente Homem-Formiga), Marvel’s Jessica Jones faz referências pontuais sobre Os Vingadores e Demolidor sem ficar refém. Além disso, a origem da heroína é apresentada por meio de flashbacks construindo no final o quebra-cabeça quando cada episódio é finalizado.

Krysten Ritter interpreta Jessica Jones com bastante personalidade e sua fisionomia lembra por demais a personagem nos quadrinhos. Assim como Matt Murdock, Jones busca encontrar meio-termo entre o correto e o incorreto. Para eles, é um desafio diário ser politicamente correto, já que o ambiente em que vivem os forçam a mostrar o lado mais sombrio.

Os traumas de Jessica Jones estabelecem uma identificação com o público feminino no que diz respeito à violência sexual. A série mostra o lado doloroso desse tipo de abuso e, com a figura bem representada de Jessica Jones, destaca que as mulheres não devem jamais se calar.

David Tennant (da série Doctor Who) mostra que nem todo vilão da Marvel é aquela figura representativa de exercer o domínio sobre o mundo. Há aqueles que querem apenas fazer o mau e sentem prazer com isso. Kilgrave assume a posição de melhor vilão do universo Marvel. A atuação brilhante de Tennant apresenta um figura complexa e atormentada. O ator assumiu de maneira exemplar toda a capacidade do vilão de conseguir ser extremamente louco e capaz de coisas horripilantes, sem perder a sutileza e elegância. Seus momentos de obsessão com Jessica Jones são responsáveis pelas melhores sequências da série, dirigidas de maneira brilhante.

Enquanto não estreia a série sobre Luke Cage (prevista para 2016), Mike Colter faz uma participação recorrente no papel do grandalhão de pele indestrutível. Assim como a protagonista, sua origem é repleta de segredos e traumas pessoais, fazendo valer que a Marvel não pretende entregar tudo para para o espectador. Aos poucos revelações serão feitas e o roteiro trabalhou bem com o tom de mistério.

Contudo, a série comete alguns deslizes quando vários personagens são apresentados ao mesmo tempo, deixando no final pouco espaço para o crescimento de alguns deles, como a advogada Jeryn Hogarth (Carrie-Anne Moss) e Trish Walker (Rachael Taylor), que são prejudicadas durante alguns episódios por serem deixadas de lado, enquanto outros personagens ganham um espaço que nem deveriam. É o caso dos vizinhos de Jessica e do policial Simpson (Wil Traval). Contudo, as duas atrizes estão ótimas em seus respectivos papeis.

Assim como Demolidor, Marvel’s Jessica Jones não segue a linha de série procedural, algo que aconteceria se a série estivesse em rede aberta, já que se torna o caminho mais fácil para os roteiristas. A série segue o formato de um filme de 13 horas sem perder o ritmo.

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Com um tom mais sério e com muitas cenas de violência e sexo, Marvel’s Jessica Jones prova que personagens secundários do universo Marvel também merecem seu espaço. Com a participação especial de um personagem conhecido no último episódio, a expectativa é que o universo dos vigilantes de Nova York ganham uma proporção ainda maior. Isso, está se tornando mais interessante (no momento) que o universo cinematográfico.

Assista ao trailer da série:

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