Crítica | Power Rangers é o Clube dos Cinco da nova geração

É hora de morfar! 24 anos após a estreia na TV e 22 anos após o lançamento do primeiro filme, Power Rangers estão de volta ao cinema devidamente remodelados. Visando uma franquia cinematográfica, a Lionsgate em parceria com a Saban Entertainment utilizam com eficiência a “fórmula do sucesso” de Star Wars – O Despertar da Força e Creed – Nascido para Lutar. A produção consegue agradar tanto os fãs nostálgicos, hoje trintões, como deve agradar o público infanto-juvenil de hoje.

Com direção de Dean Israelite (Projeto Almanaque) e roteiro de Ashley Miller e Zack Stentz (X-Men: Primeira Classe), a produção ainda bebe da fonte de um clássico dos anos 80, o filme Clube dos Cinco. Pode-se dizer que esse novo Power Rangers é o Clube dos Cinco dessa geração (com as devidas proporções). Diferente da série de TV em que os rangers eram jovens certinhos e exemplos para os colegas de escola, o longa mostra cinco adolescentes desajustados e perdidos no mundo, precisando lidar com problemas escolares, relacionamento com os pais, algo não muito distante dos jovens de hoje.

Mais que um filme de cinco super-heróis, Power Rangers se trata de uma história de amadurecimento. Jason, Billy, Zack, Kimberly e Trini precisam enfrentar suas respectivas dores e aflições. E isso, eles só podem conseguir juntos. Ao encontrarem cinco pedras brilhantes em uma usina, eles descobrem que fazem parte de algo maior que imaginavam. Mais fortes e ágeis ao estilo Poder Sem Limites, eles acabam encontrando uma nave espacial, onde reside Zordon (Bryan Cranston) e Alpha-5 (Bill Hader), que revelam a missão de enfrentar a temida vilã Rita Repulsa (Elizabeth Banks), que despertou após milhares de anos.

O quinteto formado por Dacre Montgomery, RJ Cyler, Naomi Scott, Becky G e Ludi Lin possuem uma ótima sintonia em cena. O destaque vai para RJ Cyler, que interpreta o Billy diferente do original. Além de servir bem como alívio cômico, a construção do personagem é interessante ao tratar o transtorno de espectro autista. A sequência inicial é bem dura com o bullying, e a seguir vemos Billy sendo tratado por Jason não como deficiente, mas alguém a ser respeitado e amado pelo jeito que é. A relação entre os dois é um dos pontos mais bonitos do filme. Interessante perceber que os melhores momentos não acontecem quando eles estão morfados, mas quando eles estão desprotegidos. A cena em que estão acampados e desabafam um para o outro não apenas cria uma comunicação melhor entre eles, mas com o público que identifica os mesmos anseios e dúvidas de qualquer pessoa daquela idade. Esse é o grande potencial do filme. Não é somente um filme de super-heróis corriqueiro. Há muito mais a se oferecer.

Apesar do pouco tempo em cena, Bryan Cranston faz um trabalho redondo como Zordon, que aqui tem uma motivação diferente da série. Elizabeth Banks repete a mesma performance caricata da Rita Repulsa original, mas apresenta um visual mais assustador. Uma pena que seu braço direito Goldar foi descaracterizado. Aqui o personagem não tem vida, é apenas uma desculpa para se tornar o monstro gigante a aterrorizar Alameda dos Anjos. Qualquer nome poderia se dar para tal criatura e a produção utiliza logo de um personagem marcante.  Já o Alpha-5 vivido por capturas de movimento por Bill Hader é tão divertido como no original.

Sobre o tom do filme, a narrativa fica dividida entre o lado despretensioso e divertido da série original com o aspecto mais sombrio e realista. Essa divisão acaba sendo o problema no segundo ato, quando o filme parece não se decidir se segue para o caminho mais cômico ou o mais sóbrio.

O visual alienígena dos uniformes combinou com a proposta desse novo filme, o mesmo não se pode dizer dos zords que ficaram deveras artificiais com o CGI utilizado. Mesmo com a limitação orçamental, a série de TV que utilizava as cenas do original japonês, tinha zords e o Megazord bem mais bonitos de se ver em cena. Aqui não funcionou tanto como esperava. Mas, os efeitos em outras cenas foram mais eficientes como no plano sequência do início do filme, que está incrível.

Os fãs saudosos queriam fan service e o filme corresponde. Há momentos de reverência como o tema musical da série, uma homenagem de Becky G, a nova ranger amarela, que usa uma camisa  com o escrito ‘1973’, o ano de nascimento de Thuy Trang (a falecida atriz que viveu a Trini na TV). Além disso, tem a participação de dois atores da série clássica, que gerou comoção na sessão de imprensa que estive.

Por fim, Power Rangers supera as expectativas. Uma releitura antes tratada com receio é uma das produções mais divertidas desse início de ano. Equilibrado, nostálgico e que deixa um caminho aberto para muitas aventuras e construir uma nova geração de fãs.

Ps.: Há uma cena durante os créditos finais. Fiquem atentos!

Vai conferir Power Rangers nos cinemas? Se liga no vídeo que preparados sobre as origens dos Power Rangers e algumas curiosidades:

https://www.youtube.com/watch?v=X1-6ssX1RVE

4

Ótimo

Por fim, Power Rangers supera as expectativas. Uma releitura antes tratada com receio é uma das produções mais divertidas desse início de ano. Equilibrado, nostálgico e que deixa um caminho aberto para muitas aventuras e construir uma nova geração de fãs.

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