Crítica | Paixão Obsessiva não sustenta o clima tenso que prometeu

Assistir o trailer de um filme pode muitas vezes prejudicar a obra como um todo após o seu lançamento. Seja por revelar de mais ou por oferecer uma imagem irreal, aqueles singelos dois minutos conseguem se sobrepor aos restantes em alguns casos – como aconteceu em Paixão Obsessiva. O longa estreia em uma época onde o público feminino está em alta, liderando séries e filmes e assumindo papéis de destaque no mercado, e promete um enredo centralizado no medo, na tensão e no suspense entre duas mulheres. A pretensão existiu, mas provavelmente ficou apenas no papel.

Katherine Heigl (de Grey’s Anatomy) assume o papel da vilã Tessa, e é um dos poucos pontos positivos do filme com uma atuação excelente. A ex-esposa de David (Geoff Stults) embora não demonstre a paixão presente no título – por culpa dos produtores -, transmite o lado psicopata e possessivo necessário. Do outro lado temos Julia (Rosario Dawson de Demolidor), que apesar de não precisar de grandes atuações como Heigl, satisfaz a figura romântica em busca de uma nova aventura ao lado do homem que ama. David por sua vez está mais perdido do que o espectador e se torna até dispensável, visto que não se comporta da maneira esperada em situações como as presentes na história. A fraqueza de Paixão Obsessiva não está no elenco, pois seus intérpretes não têm a oportunidade de exercer tudo aquilo que são capazes com um enredo tão fraco.

A vida de Julia vira de cabeça para baixo quando ela se muda para uma pequena cidade na costa oeste para morar com o futuro marido. Como em todo casamento, a família vem de brinde e em alguns casos isso pode ser pior do que parece. Enquanto Julia tenta esquecer o passado traumático de seu ex-namorado violento e abusivo, Tessa não consegue parar de pensar nos tempos em que era feliz com David. Além dela, a jovem Lily – filha do casal – passa a conviver diariamente com Julia, o que perturba ainda mais a cabeça da mãe da criança. Tendo seu “reino” ameaçado, a loira usa tudo em seu poder para destruir a imagem da rival para o ex-marido, mesmo que tenha que revirar o lado mais obscuro da internet e usar ações inescrupulosas contra Julia.

Paixão Obsessiva tinha todos os elementos necessários para fazer um ótimo thriller com tanto sucesso quanto produções semelhantes anteriores, como A Garota no Trem e Garota Exemplar. A obviedade é algo presente desde o início, mas sempre há a esperança de que algo realmente surpreendente está por vir – e não vem. O filme lida com assuntos realmente complexos, polêmicos e atuais e nem ao menos da-se ao trabalho de abordar mais ampla e detalhadamente cada um, apenas joga na tela e deixa para o espectador aceitar como foi apresentado. Os fatos acontecem muito rápido e não há um ritmo característico no decorrer trama, apenas cenas repetitivas com diferentes cenários e trilha sonora – que também não ajuda.

 Nem mesmo a atuação dos personagens consegue salvar a história, afinal estão seguindo um roteiro. Diálogos e brigas dignos de novelas mexicanas, onde um atiçador nem ao menos encosta na cabeça do homem e ele já cai no chão ensanguentado -, permeiam pelos longos 100 minutos de duração do filme e quando achamos que não poderia piorar, chega o final. Da mesma maneira rápida que a obra começa, como um passe de mágica tudo se resolve e se transforma em um conto de fadas. Por fim, a quase participação especial de Cheryl Ladd nos momentos finais apenas agrega a outros momentos dispensáveis em Paixão Obsessiva. Os créditos surgem e temos a sensação de perder 100 minutos de nossa vida.
  • Ruim
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Resumo

A fraqueza de Paixão Obsessiva não está no elenco, pois seus intérpretes não têm a oportunidade de exercer tudo aquilo que são capazes com um enredo tão fraco. O longa estreia em uma época onde o público feminino está em alta, liderando séries e filmes e assumindo papéis de destaque no mercado, e promete um enredo centralizado no medo, na tensão e no suspense entre duas mulheres. A pretensão existiu, mas provavelmente ficou apenas no papel