Crítica | O Jogo da Imitação

O Jogo da Imitação, drama inspirado na história do matemático Alan Turing, vem sofrendo duras críticas lá fora. Tendo como base a biografia Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges, o longa dirigido por Morten Tyldum é mais ficção do que realidade. Pouca coisa da história de Turing se vê em cena e sua figura foi totalmente alterada. Turing sempre foi uma figura controversa e marcada por polêmicas.

Dados históricos que estão no livro de Hodges, mostram Turing como um sujeito que não tinha vergonha de expor sua homossexualidade, mesmo sendo considerado crime durante o início dos anos 50 no Reino Unido.
O matemático era visto como um sujeito participativo e sociável. No longa, acompanhamos o contrário: um sujeito egocêntrico que ganha antipatia de seus colegas de trabalho, ter vergonha de sua opção sexual e ser nada sociável.

A trama é situada durante a Segunda Guerra Mundial, quando o matemático de Cambridge passou a trabalhar com a Inteligência britânica para decodificar o sistema de criptografia usado pela Alemanha durante a guerra. Graças ao seu trabalho, Turing foi responsável por salvar milhares de vidas e se tornou o responsável pela criação de uma máquinha que hoje conhecemos por computador. Contudo, sua vida era bastante investigada e suspeitosa pelas autoridades britânicas, que acreditavam em Turing ser um espião soviético.

A direção de Tyldum é segura e competente, mas bastante suave e segue o padrão Oscar. Tudo é muito calculado e feito de uma forma para agradar a Academia e esquecer da audiência, embora o trabalho técnico (como a excelente trilha de Alexandre Desplat) estejam impecáveis. Lendo o livro que deu origem ao filme, fica claro um certo receio em mostrar fielmente a figura controversa de Alan Turing.

O resultado foi apelar pelo lado dramático, o que favoreceu Benedict Cumberbatch. Ele desempenha a melhor performance da carreira e ganha mais espaço no cenário estadunidense em Hollywood. Quem também se destaca é Keira Knightley, que faz jus a sua indicação ao Oscar ao representar a força da mulher na luta por direitos iguais em uma época machista.

No mais, O Joga da Imitação peca em suavizar demais a história de Alan Turing. Uma drama inspirado em fatos que mais fantasia do que documenta. As críticas duras durante o lançamento internacional do filme são compreendidas e justificáveis. Um exemplo justo está na sequência final que altera o destino do matemático. Condenado por indecência, Turing foi punido com a castração química e faleceu um ano mais tarde, durante o processo de tratamento. O filme surpreendentemente alega o suicídio como causa de sua morte, o que na verdade foi um erro. Foi comprovado que Turing se envenenou acidentalmente. Enfim, aos interessados em saber com mais clareza a história de Alan Turing, fica a dica da biografia de Andrew Hodges e não sua adaptação.

  • Bom
3

Resumo

No mais, O Joga da Imitação peca em suavizar demais a história de Alan Turing. Uma drama inspirado em fatos que mais fantasia do que documenta. As críticas duras durante o lançamento internacional do filme são compreendidas e justificáveis. Um exemplo justo está na sequência final que altera o destino do matemático.