Crítica | Jacob Tremblay e Brie Larson merecem todo o mérito de O Quarto de Jack

Há cerca de 4 anos o mundo se chocava com o caso de Elisabeth Fritzl, a jovem austríaca que sofria com o sequestro e abuso de seu próprio pai por 24 anos, vivendo trancafiada em um porão e sem contato com o mundo exterior. O relacionamento incestuoso gerou 7 filhos a Elisabeth, dos quais o caçula de 5 anos Felix, nunca tinha visto a luz do sol. O drama vivido pela jovem serviu de inspiração para Emma Donoghue, autora irlandesa do livro Room (“O Quarto”) que deu origem ao filme O Quarto de Jack.

O filme narra a história da mãe e do filho de 5 anos, mantidos prisioneiros em quarto minúsculo e seu único contato com o mundo exterior é por meio de uma clarabóia. Narrada pelo ponto de vista da criança, tudo gira em torno do relacionamento de Jack (Jacob Tremblay) com o Quarto, sua mãe Joy (Brie Larson) e o sequestrador, sem entender o real significado de tudo e buscando ter uma infância diante de toda a situação. Diferente do que se pode imaginar pelo livro, a produção não é deprimente ou sombria, mas focaliza a transformação, superação e o relacionamento mãe e filho.

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O filme transmite ao público a condição precária e perturbadora vivida pelos protagonistas, com destaque para as cenas de estupro da mãe pelo sequestrador, nas quais Jack precisava se esconder no armário enquanto ouvia tudo e mesmo assim buscava sempre ver o lado bom das coisas. Todo o charme da trama da-se a brilhante atuação do jovem ator de 9 anos e de Larson, que interpretam os personagens de maneira profunda, sincera e comovente. O mundo do menino se resume aquele pequeno espaço do Quarto e para ele, ter a companhia da mãe é o que basta. Ao mesmo tempo, ela se esforça para dar a ele uma vida e uma infância decentes dentro das condições disponíveis.

Diferente da atuação dos protagonistas e apesar da linda história por trás do roteiro, a obra só conseguiu o destaque obtido e a indicação ao Oscar, devido ao desempenho de Larson e Tremblay. O início da trama é belíssimo e emocionante, mas a partir do momento que Joy revela ao filho a existência de um mundo “real”, o roteiro enfraquece e dá lugar a um drama comum, simplório e previsível. Além disso, o comportamento da mãe após a libertação chega a beirar o absurdo e provocar indignação, deixando todo o mérito pelo restante do filme ao menino de 5 anos e seu comportamento para com os avós (Joan Allen e William H. Macy).

Vale destacar porém, que o filme possui uma história linda e Emma Donoghue está de parabéns pela adaptação. O diretor Lenny Abrahamson, indicado ao Oscar, conseguiu de maneira muito eficiente transmitir as belas mensagens presentes no livro e usar Jack como narrador prende a atenção de todos até mesmo nos momentos fracos. O público consegue entrar no mundo da mãe e do filho e até mesmo ter a sensação claustrofóbica de morar naquele pequeno espaço . Juntando esses fatores, as atuações maravilhosas de Jacob Tremblay e Brie Larson, pode-se imaginar o motivo da indicação a premiação, entretanto, o filme concorre com outras produções bastante superiores.

O Quarto de Jack chega aos cinemas brasileiros no dia 18 de fevereiro.

  • Bom
3

Resumo

O diretor Lenny Abrahamson, indicado ao Oscar, conseguiu de maneira muito eficiente transmitir as belas mensagens presentes no livro e usar Jack como narrador prende a atenção de todos até mesmo nos momentos fracos. O público consegue entrar no mundo da mãe e do filho e até mesmo ter a sensação claustrofóbica de morar naquele pequeno espaço . Juntando esses fatores, as atuações maravilhosas de Jacob Tremblay e Brie Larson, pode-se imaginar o motivo da indicação a premiação, entretanto, o filme concorre com outras produções bastante superiores.

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