Crítica | Homem-Aranha: De Volta ao Lar é definitivamente o filme que todos esperávamos e merecíamos

O Homem-Aranha, um dos heróis mais renomados da história dos quadrinhos, estreia seu primeiro filme dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. Após sua breve participação em Capitão América: Guerra Civil (2016, Joe e Anthony Russo), onde batalhou contra o Capitão América e sua equipe no aeroporto de Berlim, o aracnídeo retorna ao seu apartamento no Queens e aguarda ansiosamente por qualquer missão que envolva o grupo dos maiores heróis da Terra. O único problema que Peter Parker enfrenta é ficar enclausurado na escola, o que lhe dá menos tempo para se balançar pela cidade e fazer o que realmente gosta: ser o Homem-Aranha.

O filme, fruto de um acordo da Sony Pictures com a Marvel Studios, toma um rumo completamente diferente dos dirigidos por Sam Raimi e Marc Webb. Ao contrário dos anteriores, o elenco contratado é jovem e inclusivo, e o foco da narrativa dos problemas do protagonista é voltado ao colegial. Peter encontra um dilema pessoal plausível para um garoto de quinze anos com superpoderes: fazer a prova de espanhol ou patrulhar seu bairro em busca de bandidos. Existe uma ingenuidade genuína no roteiro, rejuvenescendo o personagem em sua terceira adaptação ao cinema. John Watts acerta em basear-se em clássicos de John Hughes para dar vida a figura emblemática de Peter Parker, como também do próprio Homem-Aranha.

Peter Parker e Homem-Aranha; duas personalidades dentro de um mesmo personagem. Os filmes antecessores a este nunca souberam lidar com essas interpretações, mas Homem-Aranha: De Volta ao Lar acerta em cheio em trazer um nerd raiz as telas de cinema, além de dar vida ao Cabeça de Teia mais falante e cômico já adaptado. Todas as vezes em que Peter veste seu traje, o herói nos bombardeia com diálogos (mesmo que com si próprio, como nos próprios quadrinhos). Os fãs do Aranha podem ficar aliviados: a dualidade entre Peter Parker e Homem-Aranha é balanceada e extremamente fiel. Esse acerto não está só na direção criativa do filme, como também é carregada nas costas por Tom Holland, que lida com todas as adversidades que o roteiro lhe impõe e entrega (muito!) em sua performance.

A trama é fruto, principalmente, dos acontecimentos dentro do Universo Cinematográfico da Marvel. A Batalha de Nova Iorque foi um ponto crucial para a motivação do vilão Abutre (Michael Keaton). Ela, embora simplista, funciona de forma coesa a ponto de termos uma ligação com o porquê ele se tornou um vilão e o porquê do Homem-Aranha ser a figura que é. Ambos passaram por situações de dificuldades extremas e seguiram por caminho divergentes, somando um ponto positivo na nova versão do herói e para o que ele representa.

A fotografia do filme tem cores vibrantes (como um filme do Homem-Aranha deve ser), mesmo com as sequências feitas durante a noite. Esse aspecto é importantíssimo quando trazemos essa paleta de cores para as grandes cenas de ação que o filme possui. Assistindo a elas é fácil de constatar que são páginas e páginas de quadrinhos ganhando vida, o que é um detalhe importante para os leitores assíduos (independentemente da preferência de editora).

O elenco coadjuvante é outro acerto. Muitos na internet criticaram as escolhas feitas pelo casting, mas a essência de cada personagem dentro daquele universo permanece intacta e faz sentido dentro da narrativa, mesmo com algumas mudanças e a utilização de nomes já conhecidos nos quadrinhos. Ned (Jacob Batalon) é decerto um destaque, sendo o melhor amigo de Peter Parker e um dos grandes alívios cômicos dentro do filme. Liz Allen (Laura Harrier), também entrega um bom interesse amoroso ao protagonista, misturando sua beleza e inteligência que atraem o jovem Peter. Michelle (Zendaya) era uma incógnita e continua como uma, já que seu desenokvimento será feito na sequência do longa. Tia May (Marisa Tomei) é magnífica e, finalmente, tem um papel mais ativo e importante dentro do cânone. Happy Hogan (Jon Favreau) é outra adição importante e serve como um intermediário do Homem-Aranha com Tony Stark (Robert Downey Jr.).

A este ponto, algumas pessoas podem questionar “Afinal, isso é ou não é uma crítica de Homem-Aranha: De Volta ao Lar? Não vai falar da participação do Homem de Ferro?”. Vou! Um dos meus maiores medos, como fã de carteirinha do Amigo da Vizinhança, era que a figura de Stark sobressaísse a do Homem-Aranha. Isso não acontece. Peter tem sua índole e personalidade moldadas, embora ainda seja imaturo como herói por ter pouco mais de seis meses atuando como vigilante mascarado. Tony Stark aparece pouco, mas os momentos em que aparece são cruciais para mostrar ao bilionário quem é o Peter Parker e porquê, em algum momento do Universo Cinematográfico da Marvel, ele será um exemplo para todos. Esse é o Homem-Aranha que conheço, mas infelizmente não posso detalhar as tomadas de decisões do personagem; vocês, fãs, precisam ver por si mesmos.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um dos melhores filmes do personagem e o meu favorito dentro do universo criado pela Marvel Studios. Ele dá vida aos quadrinhos e respeita a aura criada por Stan Lee e Steve Dikto, possuindo inúmeras referências ao Universo 616 e Ultimate, além de adaptar uma cena extraordinária de superação que arrancou lágrimas dos meus olhos. Esse é, definitivamente, o filme que todos esperávamos e merecíamos.

  • Ótimo
4

Resumo

Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um dos melhores filmes do personagem e o meu favorito dentro do universo criado pela Marvel Studios. Ele dá vida aos quadrinhos e respeita a aura criada por Stan Lee e Steve Dikto, possuindo inúmeras referências ao Universo 616 e ao Ultimate, além de adaptar uma cena extraordinária de superação que arrancou lágrimas dos meus olhos. Esse é, definitivamente, o filme que todos esperávamos e merecíamos.