Crítica | As Sufragistas é uma esplendorosa aula de história

#meuamigosecreto é uma pessoa (…)

Se você possui uma conta no facebook, provavelmente se deparou com uma frase semelhante a essa em sua timeline nos últimos dias. O uso da hashtag surgiu como uma campanha para o filme As Sufragistas (Suffragette em inglês) nas redes sociais, e parece ter dado muito certo.

O drama se passa em Londres no início do século XX, época em que os direitos das mulheres eram quase inexistentes. Em uma sociedade machista, surge o movimento das chamadas Sufragistas, mulheres que resistiam à opressão até então de forma passiva, mas que decidem se rebelar e lutar por seus direitos, à medida que cresce a agressão e opressão policial. Buscando reivindicar seus direitos de participação na política e leis mais justas para o sexo feminino, surge a União Nacional pelo Sufrágio Feminino, uma fundação que conta com basicamente mulheres operárias querendo voz.

O fato de ser baseado em uma história real, choca e emociona o público, uma vez que se percebe o quanto mulheres sofreram para chegar onde chegaram hoje em dia. O elenco é composto por mulheres britânicas, mas principalmente mulheres que possuem representatividade no mundo do cinema. Consequentemente, a trama se desenvolve de maneira brilhante e consegue passar a mensagem a que veio transmitir.

As Sufragistas tem a história voltada para Maud Watts, vivida por Carey Mulligan, ( de O Grande Gatsby e Orgulho e Preconceito) que trabalha em uma lavandeira junto com seu marido. Mulligan é a grande estrela do filme, apesar de o mesmo contar com outros grandes nomes do cinema, pois exerce seu papel de mãe, esposa e revolucionária de uma maneira sensacional e consegue passar perfeitamente a imagem de sofrimento, abuso e raiva.

Maud resolve sair de seu atual estado passivo quando reconhece uma companheira de trabalho entre as manifestantes de um protesto. Entram em cena então, Violet (Anne-Marie Duff, de Shameless) e Edith Ellyn (Helena Bonham Carter, de Harry Potter, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet e Alice no País das Maravilhas) uma ex-professora que passou a ajudar nas campanhas da organização denominada “Women’s Social and Political Union” (WSPU). Helena interpreta muito bem sua personagem, o que ja era esperado da atriz com tantos papéis marcantes na carreira. Juntamente com Maud, as 3 são personagens fictícias.

As mulheres operárias são guiadas pelos ideais de Emmeline Pankhurst (Meryl Streep, de A Dama de Ferro, O Diabo Veste Prada e Julie e Julia), uma mulher que há muito tempo lutava pelos seus direitos, líder do movimento pelo sufrágio feminino e fundadora da WSPU, razão pela qual era muito procurada pela polícia. Streep aparece pouco no filme, cerca de 1 minuto, o que corrobora com o papel de sua personagem, responsável pela idealização do movimento. Pankhurst é uma espécie de mentora a todas as mulheres, uma vez que lutou “sozinha” durante muito tempo e agora observa suas pupilas. A atriz, diferentemente das outras é americana, mas devido à imagem que adquiriu durante todos esses anos com papéis memoráveis, se encaixou perfeitamente. Emmeline Pankhurst existiu na vida real e seus atos são relembrados em sua personagem.

Outra figura real que é descrita no drama é Emily Davison (Natalie Press), considerada o mártir do movimento sufragista. Press não recebe muita atenção durante o filme, mas seu último ato demonstra o quão longe as mulheres estavam dispostas a ir por aquilo que acreditavam e lutavam. Sua morte é tida até hoje como uma das grandes dúvidas do movimento, questionando-se ter sido ou não um suicídio.

O roteiro do filme, que pertence a Universal Pictures, foi escrito por Abi Morgan (de A Dama de Ferro) e dirigido por Sarah Gavron (de Um Lugar Chamado Brick Lane). Com duração de aproxidamente 106 minutos, a trama poderia ter maior duração, visto que tem-se muita história para contar. O tempo porém é necessário para dar a este filme todo o crédito possível, valendo inclusive mais de uma ida ao cinema.

A estreia no Brasil acontece no dia 24 de dezembro, véspera de Natal.

            Da esquerda pra direita em pé: Sarah Gavron (diretora), Helen Pankhurst (bisneta da verdadeira Emmeline Pankhurst), Laura Pankhurst (tataraneta da verdadeira Emmeline Pankhurst), Alison Owen (produtora). Da esquerda pra direita sentadas: Abi Morgan(roteirista), Anne-Marie Duff (atriz), Meryl Streep (atriz), Carey Mulligan (atriz), Helena Bonham Carter (atriz) e Faye Ward (produtora).

  • Excelente
5

Resumo

O fato de ser baseado em uma história real, choca e emociona o público, uma vez que se percebe o quanto mulheres sofreram para chegar onde chegaram hoje em dia. O elenco é composto por mulheres britânicas, mas principalmente mulheres que possuem representatividade no mundo do cinema. Consequentemente, a trama se desenvolve de maneira brilhante e consegue passar a mensagem a que veio transmitir.