Crítica | A Lei da Noite é um trabalho incompleto de Ben Affleck

Sempre subestimado, Ben Affleck mostrou ser muito mais que um típico galã de Hollywood. Desde que passou a assumir a função de diretor com Medo da Verdade (2007), o ator mostrou uma excelência por trás das câmeras comprovadas com Atração Perigosa (2009) e Argo (2012), o último proporcionando-lhe o Oscar de Melhor Filme.

Com bons filmes, mais desafios surgem. E o projeto dos sonhos de Affleck sempre foi adaptar A Lei da Noite, romance de 2012 de Dennis Lehane, autor de Medo da Verdade. Com esse projeto, a Warner Bros. (parceira de todos os filmes do ator) esperava mais um filme vistoso aclamado pela crítica e que estaria entre os favoritos do Oscar 2017. Acabou que foi tudo por água abaixo e a produção resultou em um prejuízo de U$75 milhões para o estúdio. A Lei da Noite pode ser resumido em um filme com boas intenções, um visual noir incrível, mas que soa incompleto. Um longa que caminha sem um desfecho.

Estrelado e dirigido por Ben Affleck, o filme bebe da fonte do gênero gângster, que gerou grandes obras marcadas por cineastas como Martin Scorsese, entre outros. Affleck tenta resgatar essa atmosfera e consegue. O início do filme situado em seu personagem é um dos pontos fortes do filme.

Situado entre as décadas de 1920 e 1930, a história segue Joe Coughlin (Affleck), o filho prodígio do capitão de polícia de Boston (Brendan Gleeson). Depois de se mudar para Ybor City, Tampa, Flórida, ele se torna um contrabandista de bebidas alcoólicas e, mais tarde, um notório gângster.

O filme constrói com eficiência o cenário da época fazendo o parâmetro entre o crescimento da cidade com o surgimento do crime organizado, a força oculta do Ku Klux Klan, jogos de azar e o comércio ilegal de bebidas alcoólicas. Com tudo vindo fácil, Joe Coughlin se vê seduzido a entrar nesse mundo, onde percebe um caminho mais fácil para uma vingança pessoal. Há interessantes discussões no primeiro ato sobre caráter entre Joe e seu pai. Os diálogos entre os dois são executados de forma sublime.

A grande falha do filme é não aceitar o lado obscuro do protagonista. Affleck tenta fazer de Joe um herói incompreendido, que se sente forçado a combater seus rivais, pois eles que são os bandidos. Enquanto A Lei da Noite poderia seguir os passos de Boardwalk Empire em que os fins justificam os meios, o filme se apresenta apenas como um conto moral com o bandido começando a se dar conta de seu papel violento na sociedade, e, assim, busca ser o mocinho da vez.

Ao final, A Lei da Noite é um filme ambicioso, que soava ser o grande trabalho da carreira de Ben Affleck. Contudo, a pretensão do ator e diretor se tornou um filme que introduz com eficiência várias temáticas interessantes, mas que não são concluídas da mesma forma. Uma produção marcada por erros e acertos.

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Ao final, A Lei da Noite é um filme ambicioso, que soava ser o grande trabalho da carreira de Ben Affleck. Contudo, a pretensão do ator e diretor se tornou um filme que introduz com eficiência várias temáticas interessantes, mas que não são concluídas da mesma forma. Uma produção marcada por erros e acertos.

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