Crítica | A Grande Aposta merece ser aplaudido de pé

Estranho perceber que na corrida do Oscar 2016, A Grande Aposta e Spotlight são os filmes menos comentados para conquistar as principais premiações. Não sei, mas os dois longas (até o momento) foram as melhores produções que assisti. Talvez, a premiação americana vira as costas para duas histórias reais e, que mexem com a história estadunidense de maneira negativa.

Tendo como base o livro de Michael Lewis, a trama mostra os bastidores da crise que tomou conta em 2008, deixando milhões de americanos sem casa e desempregados. Algumas pessoas que trabalhavam no setor financeiro previram o grande colapso, mas, grande parte decidiu usar o mercado contra si mesmo, com o objetivo de lucrar com o grande rombo econômico.

Para não deixar o público voando com bastantes termos técnicos como títulos hipotecários, CDOS e classificações de risco, o roteiro de Charles Randolph e do diretor Adam McKay criam uma estrutura quase no formato de uma comédia. O personagem Ryan Gosling olha para a câmera e interage como se conversasse com o público explicando tudo que de ruim irá acontecer daqui pra frente.

Outra estratégia bastante eficiente foi de usar em participações pontuais Selena Gomez, Anthony Bourdain e Margot Robbie em comerciais explicando termos técnicos para o público, como se fosse uma pausa entre uma cena para outra.

Composto por um elenco afiado e talentoso, McKay soube aproveitar as qualidades de cada. O citado Gosling apresenta seu corriqueiro carisma, o que cria uma identidade direta com o público, mesmo com seu personagem compreendendo tudo que está acontecendo, mas que continua ali em meio a ganância e atividades ilegais. Steve Carell desempenha mais um grande papel dramático. Seu personagem demonstra preocupação e um moralismo que falta no personagem de Gosling. Brad Pitt faz uma pequena e interessante participação, mas sua função maior neste longa foi mesmo como produtor.

A grande performance é de Christian Bale como Michael Burry, o homem que conseguiu prever com antecedência o colapso. Burry é um sujeito com um olho de vidro e com síndrome de Asperger. Bale conseguiu desempenhar de forma sublime a composição física do personagem, desde mantendo o olho esquerdo imóvel, enquanto predominantemente pisca o direito. Com seus fones e baquetas, ele vive em seu mundo e evita interações sociais. Quando apresenta a situação para os superiores, ele murmura palavras indecifráveis e sorri em situações erradas.

A Grande Aposta merece ser aplaudido de pé. Foi a minha reação quando acabou a sessão. O longa é um retrato importantíssimo da história recente e, que poderá acontecer novamente se as grandes corporações continuarem com o pensamento prepotente e estúpido, pensando apenas em enriquecimento próprio, o que deixou os menos favorecidos (famílias de classe média, profissionais do ensino e imigrantes, por exemplo) em situações críticas e, praticamente irreversíveis.

  • Excelente
5

Resumo

A Grande Aposta merece ser aplaudido de pé. Foi a minha reação quando acabou a sessão. O longa é um retrato importantíssimo da história recente e, que poderá acontecer novamente se as grandes corporações continuarem com o pensamento prepotente e estúpido, pensando apenas em enriquecimento próprio, o que deixou os menos favorecidos (famílias de classe média, profissionais do ensino e imigrantes, por exemplo) em situações críticas e, praticamente irreversíveis.