Crítica | Em Aliança do Crime, Johnny Depp encarna mais um personagem moralmente ambíguo

Jimmy Whitey Bulger foi um dos criminosos mais violentos de Boston na década de 70 e 80. Suas atrocidades e frieza eram quase como algo folclórico, senão fosse os documentos registrados. O documentário Whitey: United States of America v. James J. Bulger é um importante material sobre a trajetória do mafioso, até mais importante que este longa dirigido por Scott Cooper.

Inspirado no livro de Dick Lehr e Gerard O’Neill, o drama roteirizado por Jez Butterworth e pelo estreante Mark Mallouk bebe do mesmo pote do exemplar Os Bons Companheiros, mas sem a mesma eficiência do clássico de Martin Scorsese.

Por meio de narrativas de pessoas ligadas à vida de Bulger (Johnny Depp), a trama desenvolve a sua escalada no submundo do crime, a rivalidade com alguns criminosos, que o levaram a esquemas ilegais para assumir o controle de Boston. Contudo, o desenvolvimento do longa acaba sendo irregular, deixando mais evidente a construção de época onde o filme é situado, graças ao trabalho eficiente da designer de produção Stefania Cella (A Grande Beleza), que já entra na disputa pelo Oscar.

Johnny Depp surge com as próteses e maquiagem deveras pesada, que o deixam assustador e, de início, um pouco mais como distração por ser um ator que conhecemos passar mais uma vez por uma transformação, algo já corriqueiro em seus últimos personagens. Diante disso, Depp emprega uma atuação competente ao contrário de seus últimos e fracos trabalhos, fazendo de Bulger um sujeito carismático, mas ao mesmo tempo frio e calculista ao surrar e matar alguém.

O restante do elenco entrega atuações pouco inspiradoras. Benedict Cumberbatch interpreta o irmão de Bulger, mas sua presença pouco acrescenta a história, a não ser de demonstrar o seu não envolvimento com os esquemas do irmão. Joel Edgerton faz do agente do FBI John Connolly um personagem importante por ser o responsável da parceria entre Bulger e o FBI, deixando aos poucos vaidade se sobrepor ao trabalho. Peter Sarsgaard faz uma participação pequena, mas pontual. As cenas em que aparece são importantes, destacando a interessante a natureza de seu personagem.

No mais, Aliança do Crime é um filme esforçado e com uma boa performance de Johnny Depp, que novamente atrai o espectador com um personagem moralmente ambíguo.

  • Bom
3

Resumo

No mais, Aliança do Crime é um filme esforçado e com uma boa performance de Johnny Depp, que novamente atrai o espectador com um personagem moralmente ambíguo.